Engraçado como o futuro pode parecer tão distante. Analí vivia seu futuro o tempo todo. Ela conseguia como nenhuma outra pessoa, viver as emoções do presente já sabendo ser o futuro, para ela o presente era uma utopia. Como se alcança o presente se no momento em que pisco meus olhos ele já é passado? Ela tinha mesmo um jeito diferente de enxergar a vida e suas conexões, maluquinha que era, pensava que a vida não passava de muitos mini universos acontecendo o tempo inteiro ao seu redor e que nada ficava perdido, nada mesmo.
Seu eu no futuro existe a todo momento em um mini universo que se conecta com seu eu de agora e ela tenta imaginar o que ela diria pra si mesma agora. Baseada em seu passado de amores trágicos, de conversas com ela mesma em madrugada frias, imagina quantos: Eu te amo! foram sufocados pelo orgulho e medo da solidão. Quanta solidão embutida no perdão negado, negado a ela e por ela.
Perdida em tantos pensamento do passado ela resolveu dar o primeiro passo para aconselhar seu presente e disse para si: quantas histórias tristes você ainda quer viver? Por que você não parece ter vontade de ser feliz, fica vivendo o presente como se futuro fosse e buscando respostas no passado de forma negativa afastando sempre a alegria e valorizando a solidão.
Se eu fosse você, e eu sou, começaria agora uma grande limpeza. Não sonegue a você o prêmio que tem em mãos. Sim, tem momentos na vida que tudo gira, gira, gira e parece que gira pro mesmo lugar, mas e daí? Viva seus dias como se todos fossem especiais, por que são. Esqueça um pouco dos roteiros, das certidões, dos papeis e faça improvisos. Não brigue tanto com você, ninguém é perfeito. Aceite seus defeitos, coloque-os em primeiro lugar na sua vida, é assim que você é. Se puder fazer algo pra mudar, faça e mude, se não puder aceite. E quando digo aceite não digo para se conformar, mas aceitar sem culpa, sem mágoa, apenas deixe seu coração aberto para sentir as boas coisas, as ruins, as imperfeitas, as necessidades da alma. Entenda-se. Procure-se. Ame-se. Volte atrás sem medo de rejeição. Não endureça o que ainda resta de alma no seu corpo. Seja terna. Seja apenas Analí. Diante daquele diálogo que não era nada mais que um monólogo, Analí ficou ali, sentada no pé da cama, tentando entender aqueles devaneios que já não surpreendia mais, mas precisavam ser processados dentro dela, afinal ela é complexa demais, doce demais, azeda e amarga demais, suave e dura demais, Analí é o tempo todo seu passado, presente e futuro dançando em um contraditório perfeito de si mesma. Fecha os olhos, absorve seus eus e vai atrás de tantas "Analí" deixadas pelo caminho.
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