sexta-feira, 1 de abril de 2011

O sapato na vitrine

Ele tinha o sorriso mais lindo, a boca contornava seus dentes e ele parecia um desenho perfeito, tudo se enquadrava se encaixa, pelo menos pra ela. Ela achava que ele era o "sapato da vitrine", aquele que a gente olha e pensa: "meu Deus, esse tem que servir, tem que ser meu número", então; era assim que Ana pensava, "ele" tinha que servir pra ela, ele tinha que ser seu número.
Ela viu ele passando pela rua, assim como um qualquer, mas pra Ana não, pra Ana, ele era uma espécie de ser do outro planeta no melhor dos sentidos.
E todos os dias ela esperava na lanchonete da esquina, sentava na mesa de fora, abria sua revista, pedia um café, e como se estivesse num bistrô, por que Ana era uma menina chique, mais ou menos igual aquela historinha que dinheiro não compra classe, sabe?! Então, Ana não tinha dinheiro, mas é uma menina que nasceu pra ter, conversa muito bem, se porta como uma lady, é realmente uma rica menina pobre. 
Sentada, tomando seu café ela esperava por ele, e ele passava e bastava seu andar pra alegrar o dia de Ana. Faltou-lhe coragem, Ana tremia e nunca conseguia ir falar com ele. 
Até que um dia ele veio e Ana com toda sua coragem se preparou para abordá-lo, e ele veio mas dessa vez  não estava sozinho, vinha acompanhado. E como quem recebe uma facada silenciosa no peito, Ana sentou, voltou para o seu café e sua revista e se contetou em ver seu sorriso indo embora acompanhado por um metro e setenta de pernas e longos cabelos negros. 
Ana que nunca se sentia só, nesse dia sentiu a dor do amor, a tristeza de amar e não ser notada, a dor que corroí, que aperta, uma dor que nunca havia sentido, ela queria arrancar a roupa, tirar o seu coração com a mão, fazer alguma coisa que fizesse com que a dor passasse, já que remédio algum resolvia aquele problema. 
Mas Deus mandou um remédio, e sentada mais um dia no seu café amargo, "outro ele" chegou, pediu pra sentar e disse observava ela sempre ali na lanchonete e a convidou pra almoçar. Não, esse não era o seu número, pelo menos ela achava que não.
Mas a vida sempre prega essas peças na gente, e quando menos esperamos encontramos um sapato que cabe sim, certinho, como um encaixe perfeito no pé. Aquele sapato que fica escondido na vitrine de dentro e que você não olha por que colocou na cabeça que só serve aquele que viu, mas ai com a ajuda da vendedora você encontra ele escondidinho e vê que ele é seu número. 
Aí sabe aquele primeiro sapato que fez seu coração bater forte, sua boca secar e foi embora em outro pé?! Ele não era seu. Ana presta atenção, ele ficou melhor nela. Já esse escondido, parece que foi feito pra você. Tem os olhos mais doces que já vi. Ele era meu sapato da vitrine, mas ficou melhor no seu pé.


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